Jujubas
vermelhas eram as minhas preferidas. Você dizia que não, que era injusto com as
outras cores só porque o vermelho se destacava. Fazia questão de comer uma
jujuba amarela na minha frente, porque esta, para mim, era a mais sem
graça.
― O mundo é colorido, Luiza. – você deixou bem claro,
enquanto pegava uma jujuba roxa e a mirava na minha boca, num olhar bem
sugestivo.
― É claro que é. – menti.
É porque eu vejo tudo em vermelho. Com paixão, e força de
vontade. Meio revolucionário. As pessoas podem e devem fazer o que gostam, o
que querem. E é exatamente isso o que o vermelho significa. E talvez a jujuba
vermelha tenha também a vontade de não ser uma jujuba. De ser outro doce, ou
ter outro gosto.
E é dessa forma que sempre me senti. Como uma jujuba
vermelha. Sempre quis ser diferente, destacar – não só por causa meu signo – e
ser mais do que os olhos alheios podem ver. Eu sou muito mais que uma pessoa
cheia de sonhos que foram impostos para mim. Eu tenho vontade própria; opinião
própria. Gostos. Desgostos. Formas. E uma personalidade que nem sempre
convém.
Prazer, sou uma jujuba vermelha.
1 comentários:
Que fofice, Ana! <3 Adorei o texto. Tem um quê de realidade, mas um quê de fantasia. Gostei muito do eufemismo.
Love, Nina.
http://ninaeuma.blogspot.com/
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